Este artigo toma como ponto de partida o conceito de memória coletiva de Halbwach (cuja maior expressão seria a memória nacional) para explorar como diferentes processos e atores intervêm na formalização e solidificação de memórias. Nessa perspectiva, o autor examina as contribuições da história oral na ênfase que ela permite dar às “memórias subterrâneas” que, ao aflorarem em momentos de crise engendrando conflitos e disputas, silenciosamente subvertem a lógica imposta por uma memória oficial coletiva. Como exemplo, o autor analisa a memória de dissidentes soviéticos, de prisioneiros de campos de concentração e de trabalhadores forçados da Alsácia a fim de explorar os limites entre o “esquecido” e o “não dito”, além do trabalho de “configuração” da memória.

Em nossa época, os ocidentais, e mais concretamente os europeus, parecem obcecados pelo culto à memória. No entanto, Todorov afirma que, embora tenhamos que manter as lembranças vivas, a sacralização da memória é algo discutível. Devemos permanecer atentos para que nada nos possa separar do presente, e também para que o futuro não nos escape das mãos.