Contextualiza o surgimento do conceito de gestão de documentos e apresenta o papel estratégico que a atividade de avaliação dos documentos de arquivo desempenha no controle do ciclo vital. Aborda as implicações do processo de avaliação de documentos com relação às “escritas da história” e a preservação da memória. Destaca na produção do conhecimento arquivístico as correntes de pensamento acerca do processo de avaliação, desde os clássicos até os pós-modernos.

Discute, com base nos debates travados pela teoria e metodologia arquivística, o estatuto da fotografia como documento de arquivo. Mediante a análise de alguns atributos e características do registro fotográfico, é destacada sua particularidade como documento, bem como a necessidade de um enfoque contextual de sua produção e de seus papéis no processo de constituição dos próprios arquivos. O objetivo do trabalho é questionar os métodos tradicionais de organização de fotografias em arquivos, que consideram esses documentos desvinculados do restante da documentação e que valorizam os conteúdos factuais das imagens sobre quaisquer outros elementos de significação.

No Canadá, embora inicialmente os conceitos de fundo, respeito aos fundos e proveniência tenham sido úteis para harmonizar ad hoc as técnicas de arranjo e descrição, com o passar do tempo a realidade intelectual da proveniência e a realidade física dos documentos tornaram-se tão entrelaçadas que se perdeu a distinção entre o criador e a criatura. As Normas de Descrição Arquivística (Rules for Archival Description – RAD), por exemplo, estabelecem uma abordagem para os fundos que não permite a descrição de documentos virtuais acumulados ao longo do tempo e dispersos no espaço. Para reavaliar o conceito de proveniência, a autora examina o uso desse termo na Arqueologia e na Museologia. Adaptando as definições dessas áreas de conhecimento para o contexto arquivístico, a autora argumenta que os arquivistas devem descrever os documentos remanescentes, explicar a história do criador, seus documentos e como foram parar naquela instituição. Os arquivistas devem ampliar os elementos das RAD, intitulados “procedência” e “história arquivística”, e centrar-se em nova perspectiva, não de respeito aos fundos, e sim de respeito à proveniência, a qual englobará a história do criador, a história dos documentos e a história arquivística. A descrição arquivística deve abranger todos esses elementos, permitindo que os arquivistas forneçam, da forma mais ampla possível, a contextualização dos documentos, tornando-os mais responsáveis por suas próprias ações e, ao mesmo tempo, mais transparentes quanto à gestão dos documentos sob seus cuidados. Os arquivistas devem abandonar o conceito de fundo, tendo em vista que essa ideia rotula o documento como algo utópico, ignorando a realidade de sua existência ao longo do tempo e espaço.

Mesmo inicialmente desenvolvida com base num Fazer, documentado e difundido por meio de manuais na Europa do final do século XIX, a Arquivologia não se restringe a uma área eminentemente prática e requer princípios que orientem os procedimentos deste Fazer e o fundamentem em termos teóricos. Por tratar-se de uma área de Saber “nova” e, por assim dizer, ainda em processo de elaboração e desenvolvimento, necessita permanentemente revisitar seus pressupostos e estabelecer seu estatuto de ciência. Neste trabalho pretende-se apresentar reflexões em torno do Objeto científico da Arquivologia, com vistas à proposição de que há diferentes definições no âmbito de sua comunidade científica, ou ainda, de seu campo científico, além de investigar a configuração e consequências destas diferenças no campo científico brasileiro. Para fundamentar a pesquisa realizou-se revisão de literatura sobre o Objeto científico na bibliografia da área, discutindo e contextualizando seu delineamento frente à construção histórico-epistemológica da Arquivologia. Considerou-se necessária pesquisa empírica visando identificar as acepções do Objeto no campo científico brasileiro através de entrevistas junto a pesquisadores da área.

Este trabalho é parte de um projeto de mestrado em Ciência da Informação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O presente estudo busca demonstrar, de acordo com as atribuições dos arquivistas, sua formação profissional e suas práticas profissionais, de que forma as abordagens dos estudos de usuários podem contribuir para melhoria dessas práticas. Procura demonstrar, também, as mudanças de seu papel dentro da sociedade diante de novas demandas informacionais. Abre, ainda, reflexões sobre a Lei de Acesso e a realidade brasileira. Apresenta, por fim, um histórico dos estudos de usuários dentro da Arquivologia, e procura demonstrar as contribuições

As funções arquivísticas são entendidas como o que se espera no desempenho do profissional de Arquivologia. A trajetória da arquivística corroborou para que os canadenses, mais precisamente representados por Carol Couture e Yves Rosseau, admitissem sete funções existentes dentro da área. Eles as entendiam como tarefas que o profissional de arquivo deve desempenhar. E como uma função pode ser primordial para a concepção da outra, interligando-se. Tendo em vista que o saber (científico) e o fazer (prática) são, de certa forma, intrínsecos na área, subentende-se que as funções arquivísticas devem ser parte das instituições arquivísticas. Essas funções são: a produção/criação; avaliação, classificação, descrição, difusão, preservação e aquisição, que devem ser as atividades a serem realizadas por uma instituição arquivística. Ou seja, se todas elas forem corretamente executadas, o nível de organização e de gestão tende a estar numa qualidade formidável. Este artigo tem por objetivo apresentar as funções e sua importância para ajudar a delimitar o que deve ser o papel do arquivista e das instituições, dessa forma uma tentativa para abrir o debate sobre qual ministério/secretaria a instituição deve estar atrelada.

Na Arquivologia existe a dualidade de conceitos para o objeto de estudo desta área: documento e informação. O estudo foi embasado na identificação de conceitos utilizados por diferentes autores que estabelecem definições de objeto de estudo. O objetivo geral consistiu em identificar os caminhos que conduz em a teoria do conhecimento em Arquivologia e suas implicações, partindo da identificação de seu(s) objetos de estudo e com os objetivos específicos: contribuir com as reflexões epistemológicas da área; colaborar na busca de elementos que proporcionem fundamentação teórica da arquivologia enquanto área de conhecimento; contextualizar o desenvolvimento dos conceitos dos objetos da arquivologia. A metodologia foi a reflexão descritiva, de caráter qualitativo, fundamentada em pesquisa bibliográfica. Entende se que tanto os princípios, teorias quanto os objetos científicos de uma área, são frutos de construções e contextos que se formaram durante seu desenvolvimento e vão sendo revisitados/repensados, modificando se durante o tempo. Acredita-se não ser possível desvincular informação e documento, portanto, considera se como objeto de estudo da Arquivologia, o documento de arquivo com a finalidade de dar acesso à informação.

O presente artigo analisa o contexto, o conteúdo e as principais repercussões provocadas pela Instrução n.14, emitida pelo então ministro do Interior francês, Conde de Duchâtel, em 1841. O texto, considerado basilar para o desenvolvimento da arquivística, fundamenta o princípio de respeito aos fundos, ainda hoje o mais importante preceito para a organização e classificação de arquivos. Para além da análise de conteúdo da instrução, este artigo visa realizar uma espécie de “arqueologia” do princípio referido, contribuindo assim para o debate e a consolidação do pensamento arquivístico.