No Canadá, embora inicialmente os conceitos de fundo, respeito aos fundos e proveniência tenham sido úteis para harmonizar ad hoc as técnicas de arranjo e descrição, com o passar do tempo a realidade intelectual da proveniência e a realidade física dos documentos tornaram-se tão entrelaçadas que se perdeu a distinção entre o criador e a criatura. As Normas de Descrição Arquivística (Rules for Archival Description – RAD), por exemplo, estabelecem uma abordagem para os fundos que não permite a descrição de documentos virtuais acumulados ao longo do tempo e dispersos no espaço. Para reavaliar o conceito de proveniência, a autora examina o uso desse termo na Arqueologia e na Museologia. Adaptando as definições dessas áreas de conhecimento para o contexto arquivístico, a autora argumenta que os arquivistas devem descrever os documentos remanescentes, explicar a história do criador, seus documentos e como foram parar naquela instituição. Os arquivistas devem ampliar os elementos das RAD, intitulados “procedência” e “história arquivística”, e centrar-se em nova perspectiva, não de respeito aos fundos, e sim de respeito à proveniência, a qual englobará a história do criador, a história dos documentos e a história arquivística. A descrição arquivística deve abranger todos esses elementos, permitindo que os arquivistas forneçam, da forma mais ampla possível, a contextualização dos documentos, tornando-os mais responsáveis por suas próprias ações e, ao mesmo tempo, mais transparentes quanto à gestão dos documentos sob seus cuidados. Os arquivistas devem abandonar o conceito de fundo, tendo em vista que essa ideia rotula o documento como algo utópico, ignorando a realidade de sua existência ao longo do tempo e espaço.

Ante o despontar das tecnologias digitais, a disponibilidade dos recursos informacionais da rede mundial de computadores suscitou novas possibilidades de comunicar os acervos arquivísticos ao seu público. Nesse cenário, a potencialidade de tais recursos ampliou os horizontes de busca e recuperação da informação dos arquivos, produzindo efeitos sobre a difusão de seus acervos. O presente trabalho aborda o fenômeno de uma nova geração de instrumentos arquivísticos de referência, a partir do caso do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN), principal instrumento de referência disponibilizado pelo Arquivo Nacional, sob a ótica de User Experience(UX) Design. Parte-se de revisão bibliográfica e, em seguida, promove-se a coleta e análise de dados segundo uma adaptação de métodos empíricos com normas de usabilidade. A partir dos resultados obtidos, buscou-se compreender a percepção dos usuários acerca dessa ferramenta e identificar seus recursos e funcionalidades passíveis de alterações, a fim de facilitar e otimizar a experiência dos usuários. Os resultados indicam uma insuficiência dos instrumentos de referência online das instituições arquivísticas para atingir seu amplo público, em que pesem os critérios de inteligibilidade, operacionalidade e satisfação dos usuários.

As funções arquivísticas são entendidas como o que se espera no desempenho do profissional de Arquivologia. A trajetória da arquivística corroborou para que os canadenses, mais precisamente representados por Carol Couture e Yves Rosseau, admitissem sete funções existentes dentro da área. Eles as entendiam como tarefas que o profissional de arquivo deve desempenhar. E como uma função pode ser primordial para a concepção da outra, interligando-se. Tendo em vista que o saber (científico) e o fazer (prática) são, de certa forma, intrínsecos na área, subentende-se que as funções arquivísticas devem ser parte das instituições arquivísticas. Essas funções são: a produção/criação; avaliação, classificação, descrição, difusão, preservação e aquisição, que devem ser as atividades a serem realizadas por uma instituição arquivística. Ou seja, se todas elas forem corretamente executadas, o nível de organização e de gestão tende a estar numa qualidade formidável. Este artigo tem por objetivo apresentar as funções e sua importância para ajudar a delimitar o que deve ser o papel do arquivista e das instituições, dessa forma uma tentativa para abrir o debate sobre qual ministério/secretaria a instituição deve estar atrelada.

Este trabalho tem como objetivo principal apresentar a Descrição Arquivística aplicada a documentos em diversos formatos, inclusive o eletrônico, que se constitui, neste momento, em um dos maiores desafios dos profissionais de informação, bibliotecários e arquivistas, que devem propiciar o acesso à informação contida nos documentos arquivísticos em seus meios. Este trabalho é facilitado quando a aplicação da Descrição Arquivística é padronizada seguindo normas específicas. Foram estudadas a Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística [ISAD (G)], a Norma Internacional de Registro de Autoridade Arquivística para Entidades Coletivas, Pessoas e Famílias [ISAAR (CPF)] e outras ações, constituindo em iniciativas para padronizar a aplicação da Descrição Arquivística, que se processa por meio de instrumentos de pesquisa, os quais explicam os documentos de arquivo, quanto à sua gestão, identificação e localização, além de situar o pesquisador quanto ao contexto e o sistema de arquivo que o gerou. A apresentação e disponibilização dos documentos e instrumentos de pesquisa na web se dá por intermédio da aplicação de padrões de metadados, neste caso, é a utilização do Encoded Archival Description (EAD).