Este trabalho é parte de um projeto de mestrado em Ciência da Informação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O presente estudo busca demonstrar, de acordo com as atribuições dos arquivistas, sua formação profissional e suas práticas profissionais, de que forma as abordagens dos estudos de usuários podem contribuir para melhoria dessas práticas. Procura demonstrar, também, as mudanças de seu papel dentro da sociedade diante de novas demandas informacionais. Abre, ainda, reflexões sobre a Lei de Acesso e a realidade brasileira. Apresenta, por fim, um histórico dos estudos de usuários dentro da Arquivologia, e procura demonstrar as contribuições

Ante o despontar das tecnologias digitais, a disponibilidade dos recursos informacionais da rede mundial de computadores suscitou novas possibilidades de comunicar os acervos arquivísticos ao seu público. Nesse cenário, a potencialidade de tais recursos ampliou os horizontes de busca e recuperação da informação dos arquivos, produzindo efeitos sobre a difusão de seus acervos. O presente trabalho aborda o fenômeno de uma nova geração de instrumentos arquivísticos de referência, a partir do caso do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN), principal instrumento de referência disponibilizado pelo Arquivo Nacional, sob a ótica de User Experience(UX) Design. Parte-se de revisão bibliográfica e, em seguida, promove-se a coleta e análise de dados segundo uma adaptação de métodos empíricos com normas de usabilidade. A partir dos resultados obtidos, buscou-se compreender a percepção dos usuários acerca dessa ferramenta e identificar seus recursos e funcionalidades passíveis de alterações, a fim de facilitar e otimizar a experiência dos usuários. Os resultados indicam uma insuficiência dos instrumentos de referência online das instituições arquivísticas para atingir seu amplo público, em que pesem os critérios de inteligibilidade, operacionalidade e satisfação dos usuários.

As funções arquivísticas são entendidas como o que se espera no desempenho do profissional de Arquivologia. A trajetória da arquivística corroborou para que os canadenses, mais precisamente representados por Carol Couture e Yves Rosseau, admitissem sete funções existentes dentro da área. Eles as entendiam como tarefas que o profissional de arquivo deve desempenhar. E como uma função pode ser primordial para a concepção da outra, interligando-se. Tendo em vista que o saber (científico) e o fazer (prática) são, de certa forma, intrínsecos na área, subentende-se que as funções arquivísticas devem ser parte das instituições arquivísticas. Essas funções são: a produção/criação; avaliação, classificação, descrição, difusão, preservação e aquisição, que devem ser as atividades a serem realizadas por uma instituição arquivística. Ou seja, se todas elas forem corretamente executadas, o nível de organização e de gestão tende a estar numa qualidade formidável. Este artigo tem por objetivo apresentar as funções e sua importância para ajudar a delimitar o que deve ser o papel do arquivista e das instituições, dessa forma uma tentativa para abrir o debate sobre qual ministério/secretaria a instituição deve estar atrelada.

Na Arquivologia existe a dualidade de conceitos para o objeto de estudo desta área: documento e informação. O estudo foi embasado na identificação de conceitos utilizados por diferentes autores que estabelecem definições de objeto de estudo. O objetivo geral consistiu em identificar os caminhos que conduz em a teoria do conhecimento em Arquivologia e suas implicações, partindo da identificação de seu(s) objetos de estudo e com os objetivos específicos: contribuir com as reflexões epistemológicas da área; colaborar na busca de elementos que proporcionem fundamentação teórica da arquivologia enquanto área de conhecimento; contextualizar o desenvolvimento dos conceitos dos objetos da arquivologia. A metodologia foi a reflexão descritiva, de caráter qualitativo, fundamentada em pesquisa bibliográfica. Entende se que tanto os princípios, teorias quanto os objetos científicos de uma área, são frutos de construções e contextos que se formaram durante seu desenvolvimento e vão sendo revisitados/repensados, modificando se durante o tempo. Acredita-se não ser possível desvincular informação e documento, portanto, considera se como objeto de estudo da Arquivologia, o documento de arquivo com a finalidade de dar acesso à informação.

O presente artigo analisa o contexto, o conteúdo e as principais repercussões provocadas pela Instrução n.14, emitida pelo então ministro do Interior francês, Conde de Duchâtel, em 1841. O texto, considerado basilar para o desenvolvimento da arquivística, fundamenta o princípio de respeito aos fundos, ainda hoje o mais importante preceito para a organização e classificação de arquivos. Para além da análise de conteúdo da instrução, este artigo visa realizar uma espécie de “arqueologia” do princípio referido, contribuindo assim para o debate e a consolidação do pensamento arquivístico.

O conceito/noção de memória norteia diversas práticas de constituição do patrimônio documental por parte dos arquivos públicos. Este processo é configurado na arquivologia pelo conjunto de técnicas identificadas como avaliação e seleção de documentos. Tais técnicas, porém, tendem a não referir-se, de forma verticalizada, aos pressupostos e implicações teóricas do conceito/noção de memória. No Brasil, este processo adquire matizes específicos, considerando-se a periferização dos arquivos públicos em relação ao Estado e à sociedade.

Neste artigo, são apresentadas seis correntes teóricas da ciência da informação: os estudos de natureza matemática (incluindo a recuperação da informação e a bibliometria), a teoria sistêmica, a teoria crítica, as teorias da representação, os estudos em comunicação científica e os estudos de usuários. É analisado o conceito de informação em cada uma destas teorias e identificado como, historicamente, tais teorias contribuíram para consolidar um paradigma positivista para o campo. Por fim, são analisadas contribuições recentes que buscam apontar limitações no conceito de informação deste paradigma e possibilidades de superação a partir de novos conceitos e ideias.

Esse estudo objetivou elaborar recomendações para harmonização entre formação, profissão e trabalho no campo arquivístico brasileiro, com base na análise das relações entre currículo, legislação e concursos públicos. Para isso analisaram-se as disciplinas curriculares da Escola de Arquivologia da Unirio, as atribuições profissionais do arquivista segundo a lei 6.546/1978 e as competências e habilidades do arquivista descritas em editais de concursos públicos entre 2018 e 2019, do Poder Executivo Federal, regidos pela lei 8.112/1990. Realizou-se pesquisa bibliográfica em áreas diversas como Teorias Curriculares, Direito Administrativo e História da Arquivologia. Também se efetuou pesquisa documental sobre o curso de Arquivologia da Unirio, a lei sobre regulamentação profissional e os concursos públicos para arquivistas. Analisaram-se as disciplinas curriculares quanto aos conteúdos e quanto aos objetos, as atribuições legais do arquivista quanto aos seus objetos e quanto à natureza de suas ações e áreas relacionadas e as competências e habilidades do arquivista descritas em editais quanto à natureza de suas ações e áreas relacionadas e quanto aos seus conteúdos. A partir da análise de dados compreenderam-se as relações de abrangência entre atribuições legais do arquivista, competências e habilidades do arquivista descritas em editais de concursos públicos e disciplinas curriculares da Escola de Arquivologia da Unirio. Também se identificou a ênfase dada em cada um desses três elementos. A análise das relações entre disciplinas curriculares, atribuições legais, competências e habilidades do arquivista em editais de concursos públicos contribuiu para a elaboração de nove recomendações para harmonização entre formação, profissão e trabalho no campo arquivístico brasileiro: 1 — A estrutura curricular dos cursos de Arquivologia precisa refletir os contextos regionais e institucionais conforme os parâmetros de flexibilização da Lei de Diretrizes e Bases; 2 — O currículo dos cursos de Arquivologia deve articular referências disciplinares da área, atribuições legais da profissão e demandas do mundo do trabalho; 3 — O projeto pedagógico do curso deve expressar a construção de um currículo que abranja as dimensões de interdisciplinaridade da Arquivologia; 4 — O conjunto dos componentes curriculares do curso deve cobrir com equilíbrio todas as atribuições legais da profissão do arquivista; 5 — A construção do currículo, a descrição no projeto pedagógico e o quadro de disciplinas curriculares devem considerar o âmbito gerencial do arquivista; 6 — O domínio científico do arquivista deve ser aprofundado pelas disciplinas curriculares de Arquivologia; 7 — A dimensão educacional entre Arquivologia e Educação deve ser fortalecida na estrutura curricular dos cursos de Arquivologia; 8 — A estrutura curricular dos cursos de Arquivologia deve ampliar e atualizar permanentemente os conteúdos sobre o universo digital e as atribuições do arquivista nesse contexto; 9 — O processo de formação do arquivista deve enfatizar a história da Arquivologia no Brasil.